- Noção de desemprego
O desemprego consiste na quantidade de pessoas profissionalmente inactivas em determinada área que, estando disponíveis para trabalhar, não se encontram empregados.
- Tipos de desemprego
Existem quatro tipos de desemprego, são eles o desemprego estrutural ou tecnológico, o desemprego pontual, o desemprego repetitivo ou sazonal e o desemprego de longa duração. O desemprego estrutural ou tecnológico é causado pela inovação tecnológica, porque a introdução de novas tecnologias, de novos equipamentos e de novos processos produtivos originam menos postos de trabalho; o desemprego pontual consiste na existência de indivíduos temporariamente desempregados, ou que estão a mudar de emprego frequentemente; o desemprego repetitivo ou sazonal que é um desemprego que depende das épocas do ano, que resulta de variações sazonais na procura ou na produção de determinados bens ou serviços e o desemprego de longa duração que resulta da estagnação da actividade económica e do consequente encerramento de empresas (pessoas em situação de desemprego à mais de 12 meses).
- Evolução do desemprego
A análise dos quadros abaixo permitiu-nos concluir que houve uma subida acentuada do desemprego no 1º trimestre de 2002 ao 1º trimestre de 2003;do 1º trimestre de 2003 até ao 4º trimestre de 2005 assistiu-se ao aumento da taxa de desemprego como consequência de encerramento de empresas, tendo pelo meio ligeiras oscilações, mas a partir do 4º trimestre de 2005, a tendência foi para uma diminuição da taxa de desemprego.
A taxa de desemprego tem sofrido oscilações constantes, sempre com tendência a aumentar, desde de 2002 até ao final do ano de 2005.
Taxa de desemprego em Portugal
2004 | 2005 | 2006 | |||||||
Tx. desemprego | 3.º T | 4.º T | 1.º T | 2.º T | 3.º T | 4.º T | 1.º T | 2.º T | 3.º T |
6,8 | 7,1 | 7,5 | 7,2 | 7,7 | 8,0 | 7,7 | 7,3 | 7,4 |
Fonte: INE
As conclusões que se podem obter após a análise deste quadro é que o emprego teve sempre a subir até ao ano de 2006, mas neste ano começou a verificar-se uma tendência de diminuição do desemprego.
Ao longo dos anos tem-se assistido a oscilações nos valores da taxa de desemprego, pois tão depressa ela tem ligeiras subidas como ligeiras descidas.
Apesar de as taxas de desemprego ainda serem elevadas, tem-se assistido a uma diminuição do mesmo, o que pode contribuir para um melhoramento da situação económica do país e das condições de vida das populações.
Taxa de desemprego por regiões (%) | |||||
2º T 2005 | 3º T 2005 | 4º T 2005 | 1º T 2006 | ||
Norte | 8.7 | 8.8 | 9.0 | 8.9 | |
Centro | 4.5 | 5.4 | 6.0 | 5.5 | |
Lisboa | 8.0 | 9.0 | 9.0 | 8.5 | |
Alentejo | 8.5 | 9.4 | 9.4 | 9.8 | |
Algarve | 6.3 | 5.3 | 5.9 | 5.9 | |
Açores | 4.3 | 4.2 | 4.4 | 4.2 | |
Madeira | 3.9 | 4.4 | 5.1 | 4.6 |
Fonte: INE
A taxa de desemprego tem registado um aumento em praticamente todas as regiões de Portugal continental e regiões autónomas.
A taxa de desemprego é mais elevada no norte, devido ao encerramento de empresas, nomeadamente do sector têxtil e confecção, e mais baixa no Algarve, pois neste região predomina o sector terciário, que tem como principal fonte de rendimento o turismo.
Do 2º trimestre de 2005 ao 4º trimestre de 2006 houve um aumento da taxa de desemprego no Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Madeira, nas restantes regiões registou-se ligeiras oscilações.
Evolução do desemprego registado por região
2003 | 2004 | 2005 | |
Norte | 42,4% | 44,8% | 46,1% |
Centro | 14,0% | 14,0% | 13,8% |
Lisboa | 34,7% | 32,8% | 31,6% |
Alentejo | 5,4% | 4,9% | 5,0% |
Algarve | 3,5% | 3,5% | 3,4% |
Fonte: IEFP
Ao analisarmos este gráfico podemos verificar que só na região Norte é que o desemprego continuou a aumentar, pois nas restantes regiões assistiu-se a uma diminuição do mesmo, tendo sido na região de Lisboa que se tenha assistido à descida mais significativa.
A região do Norte tem sido ao longo dos anos a mais afectada pelo desemprego devido ao sector predominante nesta zona, o que distingue esta zona das outras.
- Faixas etárias e sexo mais prejudicados
Após a análise dos gráficos e quadros acima podemos concluir, que o sexo mais prejudicado pelo desemprego é as mulheres.
A taxa de desemprego das mulheres, do 3º trimestre de 2004 ao 1º trimestre de 2006 registou um aumento, contudo verificou-se uma ligeira descida, no 2º trimestre de 2005 e a partir de 2º trimestre de 2006.
A elevada taxa de desemprego nas mulheres poderá dever-se à discriminação da mulher no mercado de trabalho, pois muitas mulheres não são empregadas devido a factores como: a maternidade,
A taxa de desemprego é mais elevada nos jovens até aos 24 anos nas mulheres; e nos adultos é mais elevada nos homens.
- Sectores mais prejudicados
População desempregada nos diversos sectores
Valor trimestral | |||
3º T – 2005 | 2º T – 2006 | 3º T – 2006 | |
Milhares de indivíduos | |||
Sector I | 10,7 | 10,8 | 9,9 |
Sector II | 160,2 | 160,5 | 155,2 |
Sector III | 192,2 | 183,7 | 186,2 |
Após a análise dos gráficos e dos quadros concluímos que os sectores mais prejudicados são o sector secundário e o terciário.
O desemprego no sector secundário tem vindo a diminuir, enquanto que no sector terciário tem sofrido oscilações, no sector primário tem vindo a diminuir.
O sector secundário regista uma elevada taxa de desemprego, pois este predomina no Norte do pais e nesta mesma região, assistiu-se a um elevado numero de encerramento de empresas têxteis e de confecção, do 3º trimestre de 2005 ao 3º trimestre de 2006.
O sector terciário é o que tem maior número de pessoas desempregadas, porque também é o que emprega mais pessoas, enquanto que o sector primário é o que emprega menos pessoas, devido a terciarização, o que contribui para uma menor taxa de desemprego neste sector.
- Causas do desemprego
Os valores do desemprego têm registado um aumento devido a causas como: a recessão económica (1); à falta de produtividade; à falência de empresas, ou seja, empresas que encerram por problemas financeiros ou outro tipo de problemas e que levam para o desemprego muitas pessoas; à deslocalização de empresas, onde as vantagens comparativas são maiores; a inovação tecnológica (2); à globalização; à falta de qualificação profissional; à idade e ao estado de saúde. Estas são as causas mais frequentes e que mais têm contribuído para os elevados números de desemprego.
(1): porque num período de recessão económica o investimento das empresas vai-se reduzindo e, consequentemente, assiste-se a dispensas temporárias de trabalhadores e de níveis elevados de desemprego.
(2): quando a mão-de-obra é substituída pelas novas tecnologias para que haja um aumento da produtividade.
- Consequências do desemprego
O desemprego tem consequências a dois níveis: ao nível dos trabalhadores e ao nível do Estado.
Ao nível dos trabalhadores, as consequências são a perda de auto-estima, a crise psicológica, o sentimento de culpa, de vergonha e impotência, a depressão, os distúrbios emocionais, a conflituosidade familiar, o aumento do consumo de álcool, tabaco e tranquilizantes, perturbações de sono, a exclusão social, a má situação económica, entre outros; o que provoca grandes distúrbios na vida das pessoas que passam por este problema.
Relativamente ao Estado, este depara-se com consequências tais como a diminuição do PIB per capita, a diminuição de contribuições e descontos, entre outras; o que origina crises financeiras, entre outros problemas que se reflectem nas condições do país.
- Problemas do desemprego
Existem problemas para o Estado e para os trabalhadores. Para o Estado os impostos não são recebidos, pois quem está desempregado tem dificuldade em pagar os impostos, o que provoca uma diminuição das receitas para o Estado; o aumento das despesas com o pagamento de subsídios de desemprego, porque quem está desempregado tem que ter meios para sobreviver. Para os trabalhadores os salários não são recebidos, ou seja, ausência de rendimentos o que origina algumas dificuldades, e exploração de mão-de-obra, como horários alargados, omissão de direitos humanos, ausência de alguns direitos, porque a necessidade de ter emprego faz com que aceitem o primeiro emprego que lhes ofereçam; os problemas dos desempregados também se reflectem nas pessoas mais próximas dos mesmos.
- Soluções de desemprego